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A exuberância das aves que vivem no Zoológico de Brasília

A exuberância das aves que vivem no Zoológico de Brasília

Data de Publicação: 5 de maio de 2024 13:43:00 Algumas dessas espécies são as protagonistas de mais um reportagem da série sobre os animais abrigados pela instituição. Vários pássaros aguçam a curiosidade dos visitantes

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A harpia é a maior ave de rapina do Brasil, podendo passar de dois metros de envergadura  -  (crédito: Fotos: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

A harpia é a maior ave de rapina do Brasil, podendo passar de dois metros de envergadura - (crédito: Fotos: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Dos mais de 600 animais que vivem no Zoológico de Brasília, as aves são um espetáculo à parte. Elas atraem a curiosidade dos visitantes, seja pela exuberância das cores, pelo tamanho ou até pela letalidade. Algumas têm mais de dois metros de envergadura (distância entre as pontas das asas abertas).

A harpia (Harpia harpyja) é um exemplo de exuberância. Nativa de florestas tropicais da América do Sul, como a Mata Atlântica e a Amazônia, ela é a maior ave de rapina do Brasil, considerando-se a extensão de suas asas expandidas. O zoo da capital federal tem um casal que chegou em 2013: Jorge e Baiana. A fêmea veio do zoológico de Salvador (BA). O macho estava em cativeiro e foi resgatado por órgãos de fiscalização ambiental.

"Baiana já tem uma idade avançada, no mínimo 40 anos. O olho machucado é resultado de uma lesão que sofreu na córnea", disse a diretora de aves do Zoológico de Brasília, Ana Cristina de Castro.

Segundo ela, na entidade em que trabalha, é feito um esforço grande para simular o ambiente natural dos pássaros nos viveiros em que se encontram. No caso da harpia, por exemplo, um animal proveniente de selvas densas, o recinto é bem arborizado, como numa mata fechada. Com as águias-chilenas (Geranoaetus melanoleucus) — que apesar do gentílico também são nativas do Brasil — a ambientação é semelhante, mas com alguma singularidade. São duas fêmeas do tipo vivendo separadamente porque uma delas — a Cherokee — não gosta de dividir espaço com ninguém. Ela foi resgatada com uma bala de chumbinho alojada na asa, e, até hoje, não se recuperou totalmente da agressão, de acordo com registros do zoológico.

Quanto à outra — que ainda não tem nome —, ela compartilha seu espaço com um gavião-de-cauda-branca. "Os dois se dão muito bem, são companheiros", contou, acrescentando que não é difícil avistar ambos empoleirados no mesmo galho.

"Nós já tentamos deixar as duas (águias-chilenas) juntas, mas a 'sem nome' acabou parando de comer. Por isso, decidimos botá-la de volta com o gavião", lembrou Ana Cristina.

Realeza

O urubu-rei (Sarcoramphus papa) é da mesma família dos urubus vistos em áreas urbanas. No entanto, em vez de preta, sua plumagem é predominantemente branca, com cores laranja, vermelha e amarela na cabeça. Outra diferença está na envergadura, que pode chegar a 2 metros, cerca de 50 cm a mais do que a dos seus primos das cidades. No zoológico brasiliense, um casal dessa "realeza" está no mesmo espaço.

A fêmea chegou em 2004, quando foi encontrada machucada nos arredores da capital federal. "Não foi possível reabilitá-la para voltar ao meio natural. O tempo de recuperação foi muito longo e ela acabou se tornando dependente", relatou a diretora. Já o macho veio de outro zoológico, para promover o acasalamento com a fêmea.

Uma curiosidade sobre a aplicação do termo "rei" é que os outros urubus, mais comuns e sem "nobreza" no nome, demonstram um certo "respeito" pelo parente "coroado". "Ele é o primeiro a comer as carcaças dos animais mortos. Depois, os demais fazem o banquete", explicou a diretora.

Apesar de não estarem em situação de ameaça de extinção, os urubus-reis são difíceis de serem avistados na natureza porque têm temperamento mais reservado. Eles costumam fazer ninhos em áreas de difícil acesso, como terrenos rochosos ou íngremes. Outra singularidade está em sua anatomia e que deixa alguns intrigados. O que parece ser um caroço no meio do peito, na verdade é o seu papo, que funciona de forma semelhante ao estômago dos mamíferos.

Exóticos

Mas nem só envergadura é o que chama a atenção do público quando se trata de aves. Prova disso são dois espécimes exóticos que atraem os visitantes do Zoológico de Brasília, juntando boas plateias. Originários da Austrália, o casuar e o emu são exemplos da fauna aviária daquele país-continente. O primeiro (Casuarius casuarius) é um das animais mais mortais do planeta. Apesar de não conseguir voar, é capaz de correr e atingir até 50 km/h. Além de veloz, conta com garras cortantes e mortíferas como adagas, e que podem tirar a vida de um ser humano.

O único casuar da instituição chegou no início dos anos 2000, vindo do zoológico de Bauru (SP). "É extremamente agressivo e fica preso durante a limpeza do recinto", disse Ana Cristina. O que está em Brasília tem cerca de 1,70 de altura e pesa 70 kg, mas a espécie pode chegar aos 85 kg.

Ao lado dele, há uma área onde estão confinados seus conterrâneos: 11 emus (Dromaius novaehollandiae). O primeiro a chegar foi um macho, ainda no fim dos anos 1990. De lá para cá, ninhadas nascidas em 2007, 2010 e 2011 ajudaram a aumentar a quantidade deles. Os dois mais jovens do grupo, entretanto, foram resgatados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em 2022, em um criadouro ilegal.

Ana Cristina garantiu que os emus, ao contrário do casuar, são tranquilos e curiosos. Sobre a aparência, é impossível não dizer que se parecem às emas nativas do cerrado brasileiro. "A diferença é que as emas têm asas mais desenvolvidas do que as dos emus", detalhou a diretora. Tanto os emus quanto os casuares são animais herbívoros, com dieta à base de folhas, ração e frutas.

 

 

 

 

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