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Associação de Médicos condena projeto sobre vapes; Senado discute lei nesta semana

Associação de Médicos condena projeto sobre vapes; Senado discute lei nesta semana

Data de Publicação: 20 de agosto de 2024 10:56:00 Outras 79 entidades também assinam nota que critica Projeto de Lei 5.008/2023, da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS)

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Proposta que flexibiliza uso do

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Proposta que flexibiliza uso do "vape" no Brasil será discutida nesta terça-feira (20/8) no Senado Federal. - (crédito: Lindsay Fox por Pixabay)

A Associação de Médicos do Brasil (AMB) publicou uma nota nesta segunda-feira (19/8) no qual reitera a posição contrária da entidade em relação ao Projeto de Lei 5.008/2023, que altera a regulamentação sobre o uso e venda do cigarro eletrônico no país. Ao todo, 80 entidades nacionais ligadas à medicina e à ciência assinaram a nota oficial. Segundo os profissionais, a proposta é uma “grave ameaça à saúde pública brasileira e de toda sua população”.

Na terça-feira (20/8), a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal deve discutir o projeto, após ser a votação ser adiada por diversas vezes ao longo do ano. O último adiamento ocorreu no dia 9 de julho, quando o senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR) solicitou um requerimento que foi aprovado pela comissão. A sessão está marcada para começar às 10h. 

“Diante deste grave e preocupante cenário, as entidades médicas aqui representadas reafirmam sua oposição totalmente contrária a qualquer tipo de mudança na regulação atual estabelecida pela Anvisa, que proíbe a comercialização dos cigarros eletrônicos no Brasil, e conclamam à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) para avaliar com extremo rigor não apenas os aspectos de arrecadação fiscal, mas, principalmente, as consequências para a saúde da população”, defende as entidades.

Entre os signatários da nota, também estão a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), a Academia Nacional de Medicina (ANM), a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência (SBPC).

O que diz o projeto?

A proposta foi apresentada em 2023, pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS). Ela estabelece o conceito de dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), que incluiria tanto os cigarros eletrônicos quanto produtos similares. O ponto que é mais criticado pela AMB é que o PL autoriza a comercialização do produto, apesar de incluir uma série de exigências no texto.

Os apoiadores do projeto defendem que a lei poderia injetar R$ 2,2 bilhões na arrecadação anual. Apesar disso, os parlamentares contrários à matéria reforçam que poderia haver um aumento de gastos no Sistema Único de Saúde (SUS), em virtude dos riscos aos usuários, visto que o tabagismo é um dos maiores causadores do câncer no mundo.

“Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), a indústria do tabaco é responsável por 12% dos óbitos no mundo e está relacionada a mais de 60 tipos de doenças. Além disso, impõe enormes custos econômicos à sociedade, com gastos de mais de R$ 125 bilhões para mitigar os problemas de saúde associados ao tabagismo, conforme o relatório do Instituto de Educação e Ciências em Saúde (IECS 2020)”, destacam as associações.

Falta de fiscalização

Um dos pontos levantados pelas entidades é a falta de efetividade na fiscalização do uso do chamado “vape” – nome popularmente utilizado para se referir ao cigarro eletrônico. Desde 2009, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe a venda e consumo destes produtos. Em abril deste ano, a mesma agência ratificou o entendimento, após consulta pública.

Apesar disso, o número de usuários do dispositivo só cresce no Brasil. Em 2018, cerca de 500 mil pessoas utilizavam o cigarro eletrônico, enquanto que em 2022, este número mais que quadruplicou, e atingiu 2,2 milhões.

“Para fortalecer a luta contra o tabagismo, é essencial que o Brasil foque em estratégias de fiscalização, educação e conscientização, especialmente voltadas aos jovens e adolescentes. A história nos ensina que a aceitação de produtos nocivos à saúde, mesmo que sob regulamentação, traz à tona consequências indesejáveis que vão além do que já experimentamos na luta contra o tabagismo”, argumenta, em nota, as entidades.

Na última quinta-feira (15/8), o oncologista clínico William William, membro do Comitê de Tumores Torácicos da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, afirmou, em entrevista ao CB.Saúde – programa do Correio em parceria com a TV Brasília –, que o uso contínuo de cigarros eletrônicos eleva o risco para o desenvolvimento de câncer.

“Há muitas substâncias presentes nos cigarros eletrônicos que são sabidamente cancerígenas. Só não temos ainda uma comprovação robusta de que o cigarro eletrônico, nas doses que estão sendo utilizadas, leva ao aumento dos casos de câncer. É muito provável que isso aconteça, pois são substâncias reconhecidamente cancerígenas”, destacou o especialista.

 

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Ana Bottallo
São Paulo-SP

A pandemia da Covid, embora ainda seja responsável por cerca de cem mortes por dia, parece estar cada vez mais próxima dos seus dias finais.

O convívio com o coronavírus, ao que tudo indica, está perto de uma situação de equilíbrio, quando o número de novos casos se aproxima do patamar conhecido para outros vírus respiratórios, como gripe e vírus sincicial respiratório (VSR). Isso não significa, no entanto, que já estamos completamente livres do vírus.

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A onda de frio fora de época em boa parte da região Sudeste do país tem provocado novos casos de gripe que já levaram à lotação de hospitais. Além disso, boa parte da população mais jovem, incluindo as crianças com menos de 5 anos, ainda não foi vacinada contra a Covid.

Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, a nova onda de resfriados e gripes é causada em grande parte por influenza A H3N2 (vírus da gripe), que apresentou um período de sazonalidade diferente neste ano, em consequência da própria pandemia da Covid.

“Estamos provavelmente no melhor período de convívio com o coronavírus, e por isso mesmo, com o relaxamento das medidas, volta às aulas e volta de aglomerações, o influenza está circulando bastante, aliado a uma baixa cobertura da vacina contra gripe”, explica o pediatra e diretor de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, Renato Kfouri.

Nesse cenário, os sintomas de gripe e Covid podem se confundir, especialmente nas pessoas que já receberam o esquema vacinal completo -hoje, considerado como três doses primárias de qualquer um dos imunizantes com duas doses ou duas doses da Janssen seguidas de reforço.

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Veja abaixo quais são os principais sintomas de gripe e Covid, como se proteger e quais medidas tomar se você apresentar gripe ou resfriado por um dos vírus.

Como diferenciar os sintomas de gripe e Covid?

Segundo os especialistas, a diferenciação dos sintomas de gripe e Covid não é clara, especialmente em pessoas vacinadas. Em geral, os sintomas mais comuns da infecção pela variante ômicron do coronavírus são dor de garganta, dor de cabeça, coriza e fadiga (cansaço). Outros sintomas que podem aparecer são espirros, tosse, febre, dores no corpo e perda de olfato ou paladar, embora este último não seja mais tão comum quanto com as outras variantes do coronavírus.

Para Kfouri, os sintomas de gripe e Covid em pessoas vacinadas com pelo menos três doses são quase indistinguíveis. “Pode até ser que a influenza dê mais febre alta, chega com um mal-estar mais forte já no primeiro dia, enquanto a Covid demora de 1 a 3 dias para manifestar os sintomas, pode dar mais dor de garganta, perda de olfato. Mas a única maneira de diferenciar é com teste”, explica.

Segundo o infectologista e diretor médico do Grupo Fleury, Celso Granato, a alta circulação do vírus influenza neste momento, especialmente em São Paulo, é refletida também nos exames laboratoriais. “Há duas, três semanas, quando ainda era o período do inverno, eram notificados dois, três casos de gripe por semana. Agora, na semana que passou, foram 1.480 casos, e na semana anterior, 1.577, ou seja, uma explosão”, explica.

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Para ele, a maior circulação do vírus da gripe pode indicar que a probabilidade de uma infecção hoje ser por influenza é maior do que pelo coronavírus, cuja positividade dos testes está em torno de 1,5% a 2%. “Mas ainda temos casos, embora muito menos do que no início do ano.”

Para Raquel Stucchi, professora da Unicamp e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia de São Paulo (SBI-SP), em um cenário ideal teria exame para influenza também na rede pública, mas a oferta é muito escassa. “Fazer o teste quando apresenta sintomas gripais para descartar ou não se é Covid é o primeiro passo”, diz.


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