Fazer mamografia aos 40 pode reduzir risco de morte -
CELINA LEÃO — Vice-governadora do Distrito Federal
O Outubro Rosa é uma das campanhas de saúde pública mais reconhecidas e importantes do mundo, dedicada à conscientização sobre o câncer de mama e do colo do útero, assim como à promoção da detecção precoce dessas doenças. Embora seja uma das principais causas de morte entre mulheres no Brasil e no mundo, a campanha não se limita apenas a informar. Ela vai além, promovendo ações de prevenção, incentivando o autocuidado e buscando desmistificar medos, preconceitos e estigmas.
Um dos aspectos mais importantes da campanha é a ênfase na detecção precoce do câncer de mama e do colo do útero. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), quando diagnosticado nos estágios iniciais, o câncer de mama tem uma chance de cura que pode ultrapassar 90%. Já o câncer do colo do útero é, praticamente, 100% prevenível, seja pela vacina, seja pelo exame preventivo, também conhecido como Papanicolau, ambos disponíveis em nossa rede pública de saúde.
No intuito de promover o intercâmbio, treinamento e capacitação dos profissionais da rede pública de saúde e pesquisadores no que há de mais moderno no combate ao câncer do colo do útero e de mama, este ano, firmamos uma parceria muito importante — um acordo de cooperação internacional com entidades médicas. A parceria, que terá duração de cinco anos, foi selada durante minha visita à Health Catalyst (GHC) Summit 2024, realizada na Johns Hopkins University, em Washington, nos Estados Unidos, em junho.
É uma colaboração crucial para melhorar a detecção precoce e os tratamentos, beneficiando, especialmente, as nossas mulheres que concentram 60% dos casos de câncer diagnosticados da capital, com predominância de mama e colo do útero.
A campanha ainda reforça a importância da saúde mental e emocional. Muitas vezes, o estresse e a ansiedade, principalmente para quem recebeu o diagnóstico de câncer, podem agravar o quadro ou dificultar a recuperação. Por isso, a promoção do bem-estar integral também é parte crucial da conscientização.
Outro ponto importante do Outubro Rosa é a luta pela igualdade no acesso ao diagnóstico e tratamento do câncer de mama. Embora o Brasil tenha avançado em políticas públicas de saúde, ainda existem desigualdades gritantes entre as regiões do país. O acesso à mamografia, por exemplo, ainda é restrito em muitas áreas, e o tempo de espera para iniciar o tratamento pode ser crucial para a sobrevivência das pacientes.
No DF, somente de janeiro a março, foram mais de 5 mil mamografias realizadas na rede pública de saúde, que tem as unidades básicas de saúde (UBS) como porta de entrada para o atendimento e mantém a campanha de combate à doença de modo permanente. Em 2023, foram 27,3 mil exames realizados. Além do primeiro acolhimento, é nas UBS que as pacientes encontram cuidado ao longo e após o tratamento. Lá, são solicitados exames, retirados pontos e onde recebem o direcionamento para ações de práticas integrativas e grupos de apoio.
A força do Outubro Rosa reside também no engajamento da sociedade. Governo, empresas, ONG e celebridades se mobilizam para divulgar a campanha, arrecadar fundos e conscientizar sobre a importância do diagnóstico precoce. Esse engajamento ajuda a amplificar a mensagem da campanha, atingindo um público cada vez maior e transformando a conscientização em ações concretas.
O Outubro Rosa vai além de uma campanha de conscientização sobre o câncer de mama; é um movimento de esperança, educação e empoderamento. Ao promover o diagnóstico precoce, o autocuidado e o apoio às pacientes, o movimento contribui para salvar vidas e transformar a maneira como a sociedade enxerga e trata a doença. No entanto, ainda há muito a ser feito, principalmente em termos de garantir o acesso igualitário ao diagnóstico e tratamento para todas as mulheres. O sucesso dessa campanha, que teve início na década de 1990 nos Estados Unidos e logo ganhou o mundo, depende do compromisso contínuo de todos nós