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Uso excessivo de descongestionantes nasais pode fazer mal à saúde

Uso excessivo de descongestionantes nasais pode fazer mal à saúde

Data de Publicação: 28 de dezembro de 2024 15:47:00 Danos ao nariz, ao coração e ao sistema nervoso são alguns dos problemas relacionados à utilização em excesso desses produtos. O otorrinolaringologista Marcela Suman conta como utilizá-los de forma adequada

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INÍCIOCIÊNCIA E SAÚDE

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Se cuidados necessários não forem tomados, esses facilitadores podem fazer o papel de grandes vilões e trazer riscos à saúde -  (crédito: Freepik)

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Se cuidados necessários não forem tomados, esses facilitadores podem fazer o papel de grandes vilões e trazer riscos à saúde - (crédito: Freepik)

Descongestionantes nasais parecem ser grandes aliados para aliviar a sensação de entupimento do nariz causada por alergias ou resfriados, principalmente durante épocas mais frias e secas do ano. Apesar disso, porém, se cuidados necessários não forem tomados, esses facilitadores podem fazer o papel de grandes vilões e trazer riscos à saúde. 

De danos a estruturas do nariz a danos ao coração e ao sistema nervoso, problemas causados pelo uso em excesso e indiscriminado de descongestionantes, principalmente quando feito sem prescrição médica, preocupa profissionais de saúde. 

Conforme explica a otorrinolaringologista Marcela Suman ao Correio, os descongestionantes nasais são medicamentos que fecham os vasos sanguíneos. Segundo ela, o nariz é um órgão muito vascularizado e, assim, “quando os vasos sanguíneos se comprimem, no espaço ocupado por sangue acaba sendo possível passar ar”. 

É desta forma, portanto, que o paciente sente a respiração melhorar momentaneamente. Marcela alerta, porém, que o custo, no que diz respeito ao “prejuízo da mucosa nasal e de todos os efeitos sistêmicos” que os descongestionantes causam, é “muito alto”. 

Tecidos e estruturas internas do nariz são desgastados e comprometidos devido à exposição a substâncias como oximetazolina e nafazolina, presentes em muitos desses produtos. Essas substâncias provocam, com o uso contínuo, “uma perda de função da mucosa nasal, causando uma rugosidade dessa mucosa por falta de nutrição e por falta de oxigênio, justamente pela constrição dos vasos sanguíneos”. 

Dessa forma, diz Marcela, “o nariz não consegue fazer adequadamente o aquecimento, a filtração e a umidificação do ar, que são as funções próprias dele”; e “a mucosa nasal fica pálida, enrugada e sem função”. 

Portanto, apesar de oferecerem alívio, os descongestionantes, se usados de forma indiscriminada, aumentam o risco de desenvolvimento de rinite medicamentosa — a ampliação da cavidade do nariz — e faz com que a congestão aumente ainda mais. Seria como um “ciclo de dependência”, semelhante aos causados por usos de substâncias ilícitas. 

“Mesmo que o paciente respire, ele tem a sensação de não estar respirando, porque os receptores da mucosa ficam também inativos”, explica a otorrinolaringologista. Ela diz também que, como o nariz é um órgão muito vascularizado, esses medicamentos vão diretamente para a corrente sanguínea e causam efeitos no sistema nervoso. 

“Inicia com o aumento da frequência cardíaca, a taquicardia, podendo chegar ao aumento da pressão arterial, irritabilidade, insônia, casos mais graves e arritmias que podem ser malignas, podendo causar morte súbita até mesmo dormindo, além dos efeitos neurológicos também”, alerta. “É um medicamento usado no nariz, mas que consequentemente traz efeitos sistêmicos.” 

Depois de um tempo de uso excessivo, Marcela explica que o organismo deixa de responder ao medicamento, o que faz com o que o paciente, sem sentir melhora, abuse ainda mais da substância. 

Assim, o principal cuidado ao utilizar descongestionantes nasais é ficar atento ao tempo e à frequência de uso, sempre com intervalos longos. “Nós, médicos especialistas, prescrevemos, para casos de sangramento nasal ou pós-operatório recente, por no máximo cinco a sete dias, por no máximo quatro vezes ao dia, não ultrapassando essa dose.” 

Viciei, e agora? 

Por serem vendidos sem necessidade de receita, os descongestionantes nasais são perigosos se utilizados sem o devidos prescrição e acompanhamento médicos. “É um medicamento que não deveria ser liberado pela compra”, diz Marcela. 

Caso o paciente já se considere viciado no produto, a otorrinolaringologista recomenda um “esquema de retirada”, que consiste em “escolher um único frasquinho do medicamento e desprezar todos os demais; diluir esse frasco com soro fisiológico e usar o mínimo possível; quando chegar na metade, rediluir com soro fisiológico e usar o mínimo possível” e repetir essas ações. Ela também recomenda que se inicie tratamento adequado com especialista. 

 

 

 

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Ana Bottallo
São Paulo-SP

A pandemia da Covid, embora ainda seja responsável por cerca de cem mortes por dia, parece estar cada vez mais próxima dos seus dias finais.

O convívio com o coronavírus, ao que tudo indica, está perto de uma situação de equilíbrio, quando o número de novos casos se aproxima do patamar conhecido para outros vírus respiratórios, como gripe e vírus sincicial respiratório (VSR). Isso não significa, no entanto, que já estamos completamente livres do vírus.

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A onda de frio fora de época em boa parte da região Sudeste do país tem provocado novos casos de gripe que já levaram à lotação de hospitais. Além disso, boa parte da população mais jovem, incluindo as crianças com menos de 5 anos, ainda não foi vacinada contra a Covid.

Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, a nova onda de resfriados e gripes é causada em grande parte por influenza A H3N2 (vírus da gripe), que apresentou um período de sazonalidade diferente neste ano, em consequência da própria pandemia da Covid.

“Estamos provavelmente no melhor período de convívio com o coronavírus, e por isso mesmo, com o relaxamento das medidas, volta às aulas e volta de aglomerações, o influenza está circulando bastante, aliado a uma baixa cobertura da vacina contra gripe”, explica o pediatra e diretor de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, Renato Kfouri.

Nesse cenário, os sintomas de gripe e Covid podem se confundir, especialmente nas pessoas que já receberam o esquema vacinal completo -hoje, considerado como três doses primárias de qualquer um dos imunizantes com duas doses ou duas doses da Janssen seguidas de reforço.

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Veja abaixo quais são os principais sintomas de gripe e Covid, como se proteger e quais medidas tomar se você apresentar gripe ou resfriado por um dos vírus.

Como diferenciar os sintomas de gripe e Covid?

Segundo os especialistas, a diferenciação dos sintomas de gripe e Covid não é clara, especialmente em pessoas vacinadas. Em geral, os sintomas mais comuns da infecção pela variante ômicron do coronavírus são dor de garganta, dor de cabeça, coriza e fadiga (cansaço). Outros sintomas que podem aparecer são espirros, tosse, febre, dores no corpo e perda de olfato ou paladar, embora este último não seja mais tão comum quanto com as outras variantes do coronavírus.

Para Kfouri, os sintomas de gripe e Covid em pessoas vacinadas com pelo menos três doses são quase indistinguíveis. “Pode até ser que a influenza dê mais febre alta, chega com um mal-estar mais forte já no primeiro dia, enquanto a Covid demora de 1 a 3 dias para manifestar os sintomas, pode dar mais dor de garganta, perda de olfato. Mas a única maneira de diferenciar é com teste”, explica.

Segundo o infectologista e diretor médico do Grupo Fleury, Celso Granato, a alta circulação do vírus influenza neste momento, especialmente em São Paulo, é refletida também nos exames laboratoriais. “Há duas, três semanas, quando ainda era o período do inverno, eram notificados dois, três casos de gripe por semana. Agora, na semana que passou, foram 1.480 casos, e na semana anterior, 1.577, ou seja, uma explosão”, explica.

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Para ele, a maior circulação do vírus da gripe pode indicar que a probabilidade de uma infecção hoje ser por influenza é maior do que pelo coronavírus, cuja positividade dos testes está em torno de 1,5% a 2%. “Mas ainda temos casos, embora muito menos do que no início do ano.”

Para Raquel Stucchi, professora da Unicamp e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia de São Paulo (SBI-SP), em um cenário ideal teria exame para influenza também na rede pública, mas a oferta é muito escassa. “Fazer o teste quando apresenta sintomas gripais para descartar ou não se é Covid é o primeiro passo”, diz.


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